É possível promover a saúde mental dos colaboradores em quarentena? A promoção da saúde mental dos colaboradores sempre foi um desafio para as empresas e agora, diante o cenário de crise, a complexidade de tal processo aumentou. Como manter as pessoas motivadas e engajadas diante um cenário de incertezas? O que poucas organizações levam em consideração é que a saúde mental das equipes deve ser foco de intervenção sempre, não apenas em cenário de crise. Organizações vivem para resultados, mas quem produz os resultados dentro das empresas são pessoas e nós, como seres complexos que somos, temos emoções, preocupações, medos e ansiedades. Ignorar isso é ignorar a humanidade de cada membro de um time.
Normalmente as empresas optam por adotar medidas isoladas, na esperança de colher bons resultados, mas pesquisas indicam que não são suficientes a longo prazo. Para o impacto positivo realmente ser gerado, é necessário implementar um programa de saúde mental, com objetivos bem definidos e planejados. Para isso, primeiramente é preciso entender e se aproximar dos colaboradores afim de captar as condições emocionais mais predominantes naqueles grupos. Dessa forma, torna-se mais fácil pensar nas melhores medidas a serem tomadas em cada caso, bem como o entendimento de quais profissionais deverão sem envolvidos nas intervenções.
Independente do cenário de quarentena, a tecnologia torna-se uma grande aliada nesse processo. Uma alternativa, por exemplo, é contar com instrumentos de autoavaliação da saúde emocional, como questionários, que podem ser facilmente preenchidos por cada colaborador via dispositivo móvel ou computador. Caso sua empresa conte com chão de fábrica, uma ideia é disponibilizar alguns computadores para que, em turnos, preencham ou adaptar o formulário para a versão impressa. Tendo em mãos um relatório completo da saúde mental dos trabalhadores, fica muito mais fácil atuar com prevenção, fazer o controle de riscos nos casos mais delicados, reduzir o absenteísmo e o presenteísmo e aumentar a produtividade das equipes.
Uma das medidas comprovadamente eficazes é orientar os colaboradores a fazerem pausas. É evidente que qualquer pessoa não consegue produzir durante oito horas seguidas e se a empresa toma o posicionamento de que é saudável pausar depois de várias horas trabalhando, o colaborador passa a entender que esses minutos de descanso podem ser revigorantes. Isso porque o estresse está diretamente relacionado ao aparecimento de episódios depressivos, devido à liberação prolongada do hormônio cortisol pelo organismo. As pausas podem ser programadas de várias formas, conforme o ritmo de produtividade esperado e a natureza da organização. Avalie se o mais indicado é adotar intervalos de 5 ou 10 minutos a cada 1 ou 2 horas ou deixar que cada colaborador decida em que momento prefere descansar.
É importante, também, valorizar os pontos fortes dos colaboradores e incentivá-los através de programas de reconhecimento e de benefícios. Um artigo publicado na Forbes, a principal revista para negócios do mundo, mostrou que 60% dos trabalhadores estão dispostos a receber salários menores em troca de melhores benefícios. No mesmo sentido, 12% afirmou já ter saído de uma colocação ou recusado uma oferta de emprego devido à falta de auxílio nos custos com saúde. Nesse cenário, monte um pacote de benefícios que contemple a maior gama possível de serviços. Ademais, complemente isso com campanhas de reconhecimento e incentivo, orientando principalmente os gestores a destacarem as ideias inovadoras trazidas pelos membros das equipes.
Outra questão básica é o próprio ambiente de trabalho. Certifique-se de que as equipes tenham uma boa iluminação no posto de trabalho, cadeiras ergonômicas e os demais acessórios necessários para manter uma boa postura e evitar o desgaste físico. No caso do trabalho home office, oriente os colaboradores a buscar as condições mais semelhantes às encontradas no posto de trabalho e, caso necessário, dê mais suporte ao fornecer cadeiras e o que for preciso para que aquele colaborador se sinta bem acolhido.
Algumas empresas passaram a adotar horários de ginástica laboral e essa é uma alternativa extremamente interessante. As práticas podem ser feitas em algum espaço maior como uma sala de treinamento ou até mesmo por videoconferência, no caso do cenário atual. O RH ou a área de segurança pode guiar os colaboradores com exercícios básicos durante cerca de 30 minutos por semana, de forma a aliviar um pouco da tensão de ficar horas diante o computador. Como complemento, orientar acerca da prática de meditação é uma alternativa fundamental. Ao criar a cultura de que cuidar da saúde mental é importante, a equipe passa a se engajar e preocupar com isso.
O canal de comunicação interna, principalmente em cenário de crise, é fundamental que funcione de forma clara e objetiva, compartilhando com os colaboradores as medidas que estão sendo tomadas diante às mudanças e deixando um canal aberto para que as pessoas sintam liberdade de perguntar e compartilhar angústias. Promover encontros semanais ou quinzenais com o RH, em forma de bate papo, também ajuda a estreitar a relação com as equipes e deixá-los mais confortáveis com o cenário atual.