Meritocracia – Mito ou Verdade?

Para começarmos, vamos entender primeiro o que significa a palavra meritocracia:

“É uma pessoa, que pertence a um grupo, sociedade, organização sendo o mais trabalhador, mais dedicado, mais bem-dotado intelectualmente e por isso merece um reconhecimento.”

 

A meritocracia atualmente

Para a gestão do RH, a meritocracia é importante, pois ajuda a identificar os talentos para que possam ser recompensados pelo trabalho desenvolvido. A meritocracia também contribui com a melhoria na estrutura organizacional e consequentemente no crescimento da empresa, aumentando sua competitividade.

O objetivo principal é desenvolver e reconhecer o comportamento dos colaboradores e entrega de resultados. É também uma forma de identificar quem realmente faz a diferença, contribui com ideias inovadoras e mantém a empresa competitiva aos desafios do mercado. 

A meritocracia se tornou um ideal para a sociedade e sugere que o sucesso de um colaborador seja único e exclusivamente pelo seu desempenho, auxiliando no crescimento da empresa, mas a verdade é que na prática, criar esse sistema de meritocracia é muito mais complexo. Hoje vivemos em um país com diversos problemas de desigualdade social, onde segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, são necessárias 9 gerações, cerca de 225 anos, para que seja possível romper esse ciclo. É com esse tipo de dado que muitos estudiosos chegaram a conclusão que a meritocracia funciona apenas em sociedades onde a economia, a educação e a sociedade disponibilizam oportunidades igualitárias, independente de classe social.

A meritocracia deveria ser baseada na produção de resultados para o time e para a empresa, assim todos teriam a vontade de correr atrás e “vestir a camisa” da empresa para alcançar o sucesso.

Porém, nem sempre funciona dessa maneira, os colaboradores menos favorecidos, às vezes, se sentem injustiçados por serem avaliados na mesma régua, já que não tiveram as mesmas oportunidades e condições. E se forem avaliados de maneiras diferentes, se sentem menosprezados. Então, a forma de avaliação deve ser estudada e estabelecida com cautela, buscando sempre uma simetria.

 

O impacto da desigualdade

Segundo pesquisas, as crianças cujos pais não completam o ensino médio, tem apenas 15% de chance de se formar, então, essa desigualdade já vem desde o nascimento.

O Instituto Ethos, fez um comparativo entre cargos importantes que são ocupados por negros e brancos, e o salário só será igual, provavelmente em 2082. Contra fatos não há argumentos, hoje apenas 5% dos homens negros, ocupam cargos executivos e mulheres negras é de menos de 1%.

Aqui estamos falando de negros, mas existem também outros grupos que enfrentam essas dificuldades, como mulheres, pessoas com deficiência, entre outros. Por isso a diversidade e inclusão é tão importante.

Deste modo, seria possível concluir que a meritocracia também contribui para a desigualdade? Não diretamente, mas se no ambiente competitivo de trabalho, um colaborador que é menos favorecido vê um mais favorecido passando a sua frente e ocupando um cargo mais alto, sempre dará a ideia de que conseguiu não apenas por merecimento, e sim pelas oportunidades que teve em sua vida.

 

A dedicação no trabalho

Em 2009, no Reino Unido, foi realizada uma pesquisa sobre “Atitudes sociais britânicas” e 84% dos entrevistados votaram em “essencial” ou “muito importante” no item trabalho duro para progredir profissionalmente. Em 2016, o Brookings Institute, concluiu que 69% dos americanos acreditam que colaboradores somente são recompensados através de habilidades e inteligência.

Acerca das pesquisas realizadas, concluiu-se que os entrevistados não acreditam que ter nascido em família rica, ou ter sorte, é importante.

Essas ideias vindas das pesquisas são populares em todo mundo e amplamente aceitas, mas sempre que sofremos uma injustiça numa promoção, a crença de que o mérito, e não a sorte, determina nosso sucesso ou fracasso se torna extremamente falsa e nos faz questionar se o mérito, na verdade, é o resultado da sorte.

Usando como exemplo, colaboradores que possuem o mesmo cargo e mesmo tempo de empresa, ambos possuem o mesmo desempenho e capacidade, é difícil determinar quem deve receber a promoção. Então, será que podemos entender que o que separa essas duas pessoas é a sorte? Essa é uma discussão que pode se estender muito e acabar não atingindo um resultado, mas o que podemos concluir é que a questão meritocracia pode não ser tão real. Estudos psicólogos e neurocientistas afirmam que a meritocracia pode tornar as pessoas mais egoístas e predispostas a agir de maneira discriminatória e menos autocríticas.

Basicamente, na realidade brasileira em que vivemos, podemos perceber que a desigualdade econômica, social, cultural e educacional é muito grande e isso separa em grupos os colaboradores de uma empresa, entre os que tiveram mais oportunidades na vida e os que não tiveram. Todos devem ter a atitude de se esforçar, se mostrar capazes de realizar as atividades e contribuir para o crescimento da empresa, mas quando chegar no momento de ter uma promoção, provavelmente não serão apenas esses fatores que serão levados em conta.

 

Sistema Join RH

 

Laís Bertelli
Laís Bertelli
Equipe de Relacionamento ao Cliente da Linked RH

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