Assim como qualquer área de uma empresa, o setor de recursos humanos tem sido pressionado para inovar seus processos e ferramentas de gestão, a fim de atender as diferentes demandas das pessoas. Para obter sucesso nesse trabalho, muitos líderes estão recorrendo a uma abordagem bastante simples, porém eficiente, conhecida como design thinking.
Como o nome sugere, essa forma de pensar e agir tem origem na escola de design, em que a palavra inovação é praticamente uma constante. O americano Tim Brown, criador do conceito de design thinking, percebeu que um desenho inovador nem sempre era capaz de melhorar um produto e satisfazer o consumidor.
A partir desse impasse, surgiu a ideia de repensar os produtos e idealizá-los sob a perspectiva do público final, já que a inovação só faz sentido quando atende as necessidades das pessoas.
Logo, é possível afirmar que o design thinking prevê um estudo profundo dos anseios de um grupo antes que ele receba um serviço, item ou ação. Para tanto, os idealizadores devem seguir princípios como colaboração, pensamento analítico e experimentação.
A abordagem do design thinking pode ser aproveitada por outras áreas de negócios. Na gestão de pessoas, ela ajuda a desenvolver políticas e práticas inovadoras. Conheça algumas ideias nos tópicos a seguir.
O design thinking no RH
Em artigo intitulado Design Thinking – Crafting the employee experience (em tradução livre, Design Thinking – Criando a experiência do funcionário), especialistas da consultoria Deloitte afirmam que, em um mundo cada vez mais conectado, tecnológico e sobrecarregado de informações, o design thinking ajuda o RH a projetar uma experiência produtiva e significativa para os colaboradores por meio de soluções atraentes, agradáveis e simples.
Segundo os autores, programas e ferramentas tradicionais de RH, como treinamento e desenvolvimento, são idealizadas com processos engessados ou pré-concebidos. Embora essas estratégias funcionem, as pessoas estão sobrecarregadas com tanta complexidade.
A ideia dos especialistas não é extinguir tais práticas, e sim convocar a reformulação das mesmas. Para tanto, eles sugerem algumas perguntas: “Como podemos facilitar a colaboração e a aprendizagem em tudo o que fazemos? Como podemos dar aos funcionários ferramentas acessíveis (fáceis de entender) para que possam tomar decisões mais rápidas?”
Na visão dos autores, o RH, ao se apropriar do design thinking, deixa de ser um mero desenvolvedor de processos e se torna um arquiteto de experiências.
Design thinking: um case de sucesso no RH
Nesse mesmo artigo da Deloitte, os especialistas citam exemplos de empresas que encontraram soluções eficientes de RH, contando com a abordagem do design thinking. Uma delas é a Telstra, empresa australiana de telecomunicações que contrata milhares de empregados por ano. Lá, a área de gestão de pessoas reformulou o programa de treinamento de novos funcionários, visando obter melhores resultados. Vale mencionar que o tempo de duração desse treinamento levava – e ainda leva – 90 dias.
De maneira geral, a Telstra seguiu 3 etapas básicas do design thinking durante a reformulação, a saber:
- Inspiração/Imersão: Os profissionais de RH ouviram a opinião da liderança para traçar os objetivos do programa. Além disso, os funcionários também foram convocados a identificar os pontos fracos do treinamento pelo qual haviam passado;
- Idealização/ Cocriação: Depois de analisar os insights e compará-los a outros dados de pesquisas internas, o RH encontrou as falhas e os pontos de melhoria do programa. Na sequência, dedicou-se na busca por um novo projeto;
- Implementação/Prototipação: Com uma ideia em mãos, o RH testou a eficiência do novo projeto com diversas simulações, até encontrar o modelo eficaz. Por fim, mensurou os resultados e percebeu uma melhora em diversos índices, como engajamento, integração e produtividade.
Desde então, a companhia passou a utilizar a mesma abordagem em outros projetos de RH, como desenvolvimento de líderes, gestão de mudança, dentre outros.
Contudo, é preciso lembrar que o design thinking exige tempo, dedicação e colaboração por parte dos envolvidos. Em alguns casos, será preciso tirar o executivo da mesa e colocá-lo em contato com as pessoas. Com essa abordagem, as soluções não nascem de um dia para o outro, mas podem alcançar resultados satisfatórios.