CONARH – Entrevista com Antonio Salvador

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Durante a cobertura do CONARH, o BlogRH entrevistou Antonio Salvador, após sua palestra chamada “Para onde vai a saúde na sua empresa? Dos desafios às soluções”. Nesta palestra ele nos fala porque a saúde corporativa se tornou um enorme desafio para as empresas. Ele nos conta alternativas e soluções para se enfrentar custos em acelerada alta, os quais já se tornaram o segundo maior orçamento de RH.

Leia mais sobre esta palestra do CONARH no artigo publicado no BlogRH.

BlogRH: Quais são os maiores desafios para as organizações em relação à saúde corporativa?

Salvador: Os desafios hoje são muitos. Acho que desde a parte da legislação que a gente tem hoje no país, que impede modelos mais flexíveis, aos custos que vem crescendo nos últimos cinco anos da ordem de quase 20% em média, contra uma inflação de 4% a 5%, tem um aumento muito grande dos custos, tem o envelhecimento da população, mais doenças complexas, mais uso do plano, então hoje eu acho que é um dos grandes problemas que a gente tem quando a gente pensa em saúde do nosso trabalhador porque um trabalhador com baixo índice de saúde não performa bem, não está feliz, não entrega bem o seu trabalho e com isso as empresas não dão um resultado que elas podem dar. No nosso caso a gente tem um supermercado, você tem um profissional que ele vai trabalhar motivado, com saúde, fazendo uma diferença muito grande em vendas, no resultado da companhia, por isso que para a gente é um tema muito importante.

BlogRH: O que você pensa sobre inovação e tecnologia na gestão de saúde? Você acha que a tecnologia pode ajudar as empresas com a saúde corporativa?

Salvador: Eu acho que a tecnologia e o digital, de uma forma geral, em saúde não é questão de opcional. Eu acho que é fundamental porque cada vez mais quando a gente fala de saúde a gente vai ter que falar de uma coisa que é informação. É a informação de como é o comportamento do uso do plano de saúde, é a informação sobre os custos do plano de saúde, é a informação sobre as pessoas e, principalmente, as pessoas precisam também ter essa informação para que elas possam tomar atitudes mais saudáveis, trabalhar o preventivo e tudo isso você não vai fazer sem tecnologia, principalmente em um grupo como o nosso, então a gente está investindo bastante em tecnologias tanto de gestão quanto de disponibilização para o nosso funcionário na palma da mão, através do celular, de informações e acesso a cuidar mais da saúde de uma maneira integrada.

BlogRH: Quais são os fatores que você vê que mais aumenta os custos diante desse tema?

Salvador: São vários os fatores, mas eu acho que o mau uso do plano é um grande fator. Quando a gente olha os indicadores hoje no Brasil, dois em cada dez milhões gastos em saúde são fraude. É o mau uso. Você empresta carteirinha, você pega dois recibos, você faz uma série de práticas que, na realidade, você está achando que aquilo é bom pra você, mas aquilo não prejudica a coletividade, prejudica o custo do plano, então isso é um tema que a gente precisa atacar e quando você fala de uma forma mais ampla ainda, você tem desafios das estruturas hoje da NS, de gestão de saúde no Brasil que permitem muita pouco pouca flexibilidade para que as empresas adotem modelos mais meritocráticos, ou seja, “você cuida mais da sua saúde? O seu programa é mais barato”. “Eu já não cuido tanto da minha, eu tenho que pagar mais caro”. Tem uma questão que a gente chama de meritocracia, mas nada mais é do que tipo “se eu cuido da minha saúde, eu tenho que pagar mais barato quando precisar”,  “eu não cuido, isso fica mais caro”. As pessoas precisam entender esse processo. Eu acho que a última grande barreira que a gente vai visar é a mudança do modelo que hoje se chama plano de saúde e benefício, e benefício você não precisa dar nada em troca, você não precisa cuidar da sua saúde. Eu acho que tem uma mudança cultural muito grande para acontecer que já está acontecendo. A gente vem trabalhando muito nisso, mas vai acontecer muito grande no Brasil, que é uma mudança de paradigma. Tem que mudar esse paradigma. Cada um tem que ajudar de uma forma e para gerenciar esse problema.

BlogRH: Você comentou na palestra que o Grupo Pão de Açúcar tem um custo de cerca de 360 milhões por ano para gerir o plano de saúde de 140 mil funcionários. O que vocês estão fazendo para reduzir os custos em gestão de saúde?

Salvador: Não tem muito segredo, mas é gestão. A gente tem um modelo de gestão através de um sistema de indicadores que você mensura quase tudo, desde o valor total do custo, o valor per capita, como é que ele é utilizado, quem utiliza mais, quais são as principais utilizações do plano, então gestão é muito importante. A tecnologia como você falou é fundamental, prevenção, a gente não quer que as pessoas usem o plano, o que a gente quer é que as pessoas sejam saudáveis, acho que essa é a grande mecânica do modelo. A gente tem investido muito em prevenção, a gente lançou um programa chamado “Mais Saúde”, que vai trabalhar muito o tema de prevenção, de informação, de promoção da prevenção dentro do ambiente de trabalho. A gente também está trabalhando na questão da liderança. Eu acho que a liderança tem um papel muito importante nesse modelo que é uma mudança de mindset. Se a liderança não estiver engajada, ela não vai conseguir, a gente não vai consegui apresentar informação, a gente tem um comunicado muito forte para a liderança sobre esse aspecto. Temos mostrado todos os indicadores para as lideranças e discutindo muito com elas as alternativas, então é gestão, é prevenção, é educação, e tudo isso dentro de um modelo onde você possa criar níveis de atendimento. O nosso sonho dourado é que primeiro eu estou com um problema, eu tenho um celular e informação, segundo, não resolvi, eu tenho um telefone, a gente já implementou o “Fale Saúde”, onde a pessoa pode falar no telefone e ela pode ter as primeiras informações, depois ela pode ir em uma pequena clínica interna, depois ela vai utilizar um hospital porque os grandes custos eles estão aí, dentro do hospital, então a gente quer fazer aqui, afastar as pessoas do hospital, seja porque ela está com saúde, seja porque ela resolveu através de outros canais as dúvidas e problemas que elas tinham, então esse é o nosso sonho dourado.

 

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Antonio Salvador
Vice-presidente Executivo de RH, Gestão e Sustentabilidade do GPA

 

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