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Contrate velhinhos!

Contrate Velhinhos

Estamos chegando ao fim desta série de artigos produzida por Eduardo Cupaiolo sobre quem você deveria contratar para sua empresa. Acredito que depois de contratarmos preguiçosos, para aumentar a produtividade, contratar incompetentes, que demonstraram saber principalmente o que precisavam saber, e contratar amadores apaixonados pelo que fazem, agora só nos resta saber o porquê devemos contratar velhinhos. Boa leitura!

MAIS UMA VEZ, minha amiga Ana Rita estava diante de um impasse.

Antes mesmo que apresentasse seu problema, arrisquei a solução, que achava óbvia: mercado aquecido – dificuldade de contratar.

Ana Rita e eu somos velhos amigos. Ela é VP de RH em uma grande empresa. Temos uma tradição: quando precisa de um conselho me convida para almoçar. Entre a sobremesa e o café me conta seu problema e eu sugiro minha melhor solução.

Como em outras ocasiões, dei mais uma vez um conselho bem pouco ortodoxo. Primeiro, de contratar preguiçosos – que fizeram mais com menos -, incompetentes – que demonstraram saber principalmente o que precisavam saber -, e amadores – apaixonados pelo que faziam-, chegara a hora de… contratar uns velhinhos.

O mercado simplesmente não havia se preparado para o caso de tudo dar certo. Tanto tempo falando do país do futuro e, para surpresa de muitos, o futuro tinha chegado.

Os mais antenados até já discutiam o tema: se o país crescesse só um pouquinho mais começaria a faltar de tudo: tijolo e cimento; mestres de obras e pedreiros; fios e canos e energia, água e gás para passar por eles.

E, principalmente, gente preparada, apta profissional e emocionalmente. Não braços e pernas, mas cabeças. Gente com experiência, discernimento e sabedoria.

E, se leva muito tempo para construir uma hidrelétrica, leva muito mais para construir competência.

Portanto já passamos da hora de entender que o desafio não será mais quantos mais contratar, mas quais contratar.

Não de quantos mais precisaremos para tocar o negócio, mas quais dentre os quantos, ver-da-dei-ra-men-te, serão capazes de fazê-lo.

A resposta é simples: esses quais estão por aí… PH-Ds, por hora – disponíveis. Mandados para casa, vestirem seus pijamas, cuidarem dos seus netos – como, se mal tiveram filhos? Fazerem bicos. Abrirem seus negócios. Darem aulas. Virarem consultores. Enfim, se virarem. Pois suas carreiras, mesmo, terminaram.

A razão sem razão é que ficarão velhos. Velhinhos.

Como o cinquentão Roger Agnelli*, presidente da Vale. Como Albert Sabin, quando descobriu a vacina contra pólio. Como Lincoln, quando era eleito o 16o. presidente dos EUA.

Velhinhos, mas bem velhinhos, e sem nenhuma capacidade produtiva depois dos 70 como Abílio Diniz. Dos 80 como Pablo Picasso e Madre Tereza. Ou dos 90 como Peter Drucker quando, perto dos 100, escreveu mais um de seus livros. Velhinhos e tecnologicamente defasados. Como eu e todos da minha geração, como Michael Dell, Jeff Bezos, Steve Jobs e Bill Gates.

Sim, sei que competência não vem automaticamente com a idade. Mas sem ela também não vem. Competência é como a sabedoria: necessita de tempo. Tempo para ter experiências e o discernimento para aprender com elas.

Quer gente motivada pelo que faz não por quanto ganha? Quer talento de quem nem um pouco lento está? Quer economizar em recrutamento, seleção, treinamento e retenção?

Enfim, quer competência prêt-à-porter? Bem, neste caso, repito o que sugeri para Ana Rita:

– Contrate velhinhos!

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